terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Mas eu adoro extrair vesículas...

Mas eu adoro extrair vesículas...

O Diretor chama ao seu gabinete o jovem cirurgião, que há menos de duas semanas está trabalhando no hospital.
- Bom dia, doutor Marcelo. Tudo bem com o senhor? Como tem sido sua experiência em nosso hospital? Tem sido bem atendido? Existe algo de que gostaria de reclamar?
- Não, doutor Carlos Alberto. Estou gostando muito desse meu novo emprego. Acho todos aqui extremamente competentes, os suprimentos em ordem, as salas de cirurgia excelentes e todas as enfermeiras muito atenciosas. Na verdade, estou adorando...
- Fico feliz em saber. Este hospital é minha vida e quero que todos sintam um imenso prazer em exercer sua missão. Mas chamei-o aqui por outro motivo. Estive analisando o prontuário de suas cirurgias e fiquei muito preocupado. Em dez dias, o senhor fez quinze extrações de vesículas? Será que não houve um exagero? Em minha atividade como médico, por dezenas de hospitais que passei, jamais percebi tão elevado índice de cirurgias específicas e, ainda mais, feitas por um único médico. Por favor, doutor Marcelo, o que está havendo?
- Não está havendo nada de anormal. Adoro extrair vesículas. Foi minha especialidade na área médica, fiz pós-graduação sobre esse tema e estou finalizando minha tese. Leio tudo sobre o assunto. Tenho até um “site” na Internet, estou “plugado” no assunto. Sem extrair vesículas, minha vida profissional não teria o menor sentido...
-Mas, diga-me uma coisa, doutor, e seus pacientes? Estavam com problemas na vesícula? Era necessário extraí-las?
- Ora, doutor, sua pergunta é irrelevante. Sei lá se estavam ou não com problemas na vesícula. Isso é um detalhe clínico, o que importa é que fiz lindas cirurgias e isso só pode engrandecer meu currículo e, é claro, seu hospital. E agora, se o senhor me permite, estou correndo para a cirurgia. Chegou uma nova paciente e com uma vesícula novinha em folha...
Não poucas vezes, isso também acontece com alguns professores.
Ao invés de empenharem-se em ensinar o aluno a aprender, a construir conhecimentos a partir de informações presentes em seu cotidiano, apegam-se a um superado “conteudismo” e passam a ensinar o que gostam e não o que é imprescindível.

8 comentários:

  1. O professor nunca deve estar satisfeito com o conhecimento que tem, e sim deve partir em busca de mais conhecimento nos mais variados assuntos

    A escola precisa ter projeto, precisa de dados, precisa fazer sua própria inovação, planejar-se a médio e a longo prazos, fazer sua própria reestruturação curricular, elaborar seus parâmetros curriculares, enfim, ser cidadã. As mudanças que vêm de dentro das escolas são mais duradouras. Da sua capacidade de inovar, registrar, sistematizar a sua prática/experiência, isso dependerá o seu futuro. Nesse contexto, o educador é um mediador do conhecimento, diante do aluno que é receptor .Ele precisa construir conhecimento a partir do que faz e, para isso, também precisa ser curioso, buscar sentido para o que faz e apontar novos sentidos para o que fazer dos seus alunos... “
    grande abraço!!

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  2. Mais uma vez, um misto de nossa realidade...onde os professores, em sua grande parte, se preocupam apenas em terminar seu conteúdo programático anual, não se atentando ao aprendizado.
    Passam somente, conteúdos que gostam e que tem facilidade de lecionar, muitas vezes isso é causado por falta de domínio do conteúdo, principalmente quando os professores não lecionam na área em que se especializou. Problema ocorrido principalmente nas escolas da rede pública.
    E além do mais, além de serem conteudistas, os professores nem se preocupam em saber se o que está passando é necessário ao aprendizado do aluno, não respeitando as individualidades de cada um.

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  3. Com a globalização, o mundo vem passando por grandes transformações. No âmbito escolar não é diferente. Com o avanço da tecnologia, o desafio de ensinar tem se tornado cada vez mais importante. Cabe ao professor estar atento a que novos métodos devem usar em sala de aula e que procedimentos poderão contribuir para o melhor aprendizado dos alunos.
    O professor não deve se agarrar a uma prática pedagógica, porque o tempo vai passando e os métodos vão ficando antigos. Por mais que o professor goste de aplicar determinado método em uma turma, ele pode não dar certo em outra turma, mesmo que seja a mesma série.
    Refletindo sobre isso, o professor deve estar atento a novos métodos e novas formas de ensinar.

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  4. Isso acontece muito, nos professores estamos sempre preocupados com os conteúdos a serem seguidos, muitas vezes seguimos em frente sem que nossos alunos tenham assimilado o conteúdo anterior, só para poder “fechar um cronograma”, ou então só porque gostamos (ou temos facilidade) em um conteúdo o arrastamos pelo ano todo. Nos como educadores devemos ter uma boa percepção sobre nossos alunos e demandarmos aquilo que é realmente a necessidade deles

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  5. Muitos professores, por não dominarem alguns conteúdos preferem ficar “bitolados” em um assunto que ele entende. Temos ainda, professores que se preocupam em simplesmente aplicar o conteúdo sugerido, sem se preocupar nem um pouco em contextualizar tal assunto para que as aulas fiquem mais atrativas. Alem de ter aqueles que seguem um mesmo plano de aula em todas as salas, como se tivesse uma “fôrma única”, onde todos os alunos vão ter a mesma dúvida ou vão entender o assunto da mesma forma.

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  6. O texto relata um exemplo bem grosseiro, não gostei!Mas...podemos fazer a seguinte reflexão:
    Para que o Professor faça seu trabalho com qualidade é preciso que o mesmo conheça seu contexto escolar, ou seja, descubra quais as necessidades de cada aluno.Diante isso busque propostas de ensino para que o educando aprenda!
    Pois sabemos que este é o objetivo!

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  7. Hoje muitos educadores e profissionais de diversas áreas estão acostumados a fazerem o que gostam, em muitos casos devido a falta de capacitação, limitam-se no processo em que estão adaptados, não estando apto a uma nova idéia e abandonando principalmente as novas tecnologias.Como Fredy falou que a maioria dos professores se preocupam apenas em terminar seu conteúdo programático anual, não se atentando ao aprendizado.

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  8. Exemplo clássico de nao importa o que o aluno precisa, o importante é o que eu sei fazer, o faço de melhor e o que eu quero fazer. Será que alguns professores já se perguntaram do que realmente nós alunos precisamos. Será que como professores nos perguntaremos?

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